“Yes, Wonderful
Things”. Esta frase marca o momento da maior descoberta arqueológica de todos
os tempos, a Tumba do Faráo Tutankhamun.
Na tarde do
dia 26 de novembro de 1922, o arqueólogo inglês Howard Carter e seu
patrocinador, Lord Carnarvon, abriram um pequeno buraco na parede que fechava o
acesso à antecâmara da tumba e ao iluminar com uma vela seu interior, Carter
teria dito a Carnarvon que estava vendo “coisas maravilhosas”. Assim como vários
outros fatos relacionados com a descoberta, esta frase também foi alterada e
romanciada. O que Carter disse quando Carnarvon perguntou “Consegue ver alguma
coisa” foi simplesmente “Sim, é maravilhoso”.
Envolta em
mistérios e fantasias, a descoberta da Tumba de Tutankhamun é um marco cultural
do século XX. Ela ultrapassa as fronteiras da Arqueologia e da ciência,
tornando-se um fenômeno mundial de mídia e da cultura de massa.
Tutankhamun,
um desconhecido rei da XVIII dinastia que reinou por um curto espaço de tempo
(c. 1336 a
1327 a .C),
tornou-se do dia para a noite um dos nomes mais conhecidos da história. Sua
tumba, a menor tumba real do Egito, estava praticamente intacta e continha
objetos nunca vistos antes. Foram necessários 10 anos de um trabalho minucioso
de catalogação até que todos os mais de 10 mil objetos fossem retirados da
tumba, que recebeu o numero 62 do “Vale dos Reis” (KV62). Pela primeira vez o
registro em filme e fotos foi usado de forma sistemática numa escavação no
Egito, as fotos feitas por Harry Burton são merecidamente famosas e
reproduzidas até hoje.
Curiosamente, esta
descoberta nos ensinou muito sobre o ritual funerário real, sobre a arte e as
crenças do Egito antigo, mas praticamente nada nos contou sobre quem foi
exatamente Tutankhamun e o que ele fez em vida.
As centenas de
milhares de turistas que vão ao Egito e os visitantes que lotam as exposições
internacionais com os tesouros de Tutankhamun alimentam uma rentável indústria
de souvenir e produtos.
Esta “tutmania”
ajuda a manter viva a imaginação popular com histórias de maldição e fofocas
sobre a vida do “faraó menino” ou simplesmete Rei Tut, como é conhecido.
Talvez o que
melhor definia a descoberta de Tutankhamun tenha sido a frase dita pelo papa da
época, Pio XII: “Não é uma exumação, mas uma ressureição”.
Seja como for,
este aniversário dos 90 anos de descoberta da Tumba de Tutankhamun é um bom
momento para se pensar sobre as condições de guarda e preservação deste patrimônio
da humanidade de valor inigualável.
Sugestões:
- Para os diários e fichas de escavação de Howard Carter e as fotos de Harry Burton:
Tutankhamun: Anatomy of an Excavation
- Para se divertir com a Tutmania de todos os tempos:
Billy Jones & Ernest Hare - Old King Tut 1923
Steve Martin- King Tut
King Kuts Dog Food Commercial
Batman 1966 King Tut's Coup
A descoberta
da Tumba de Tutankhamun, seus tesouros, a vida deste jovem faraó e de seus
descobridores deram origem a incontáveis publicações científicas, de divulgação
e romances.
Qualquer lista
bibliográfica sobre Tutankhamun está sujeita a imperfeições.
Para aqueles
que querem ter um conhecimento preciso das descobertas, são inevitáveis os 3
relatórios de escavação que H. Carter, com ajuda de Arthur Mace, escreveu entre
1923 e 1933, ilustrados com as fotos de Henry Burton. Existem algumas edições
em inglês, os títulos são:
O primeiro
volume é na verdade o diário de Carter sobre a descoberta e a primeira etapa
das escavações. Este diário é publicado como um livro individual sem as fotos
de Burton. São muitas as edições traduzidas para várias línguas, inclusive o
português, o título original é:
· The Tomb of Tut.Ankh.Amen: Vol. 1:
Search Discovery and the Clearance of the Antechamber.
· Tomb of Tut.Ankh.Amen Vol. 2: The Burial
Chamber.
· The Tomb of Tut.ankh.Amen, Vol. 3: The
Annexe of Treasury.
· CARTER, Howard. The Tomb of Tutankhamen.
A seguir está uma pequena lista de livros sobre Tutankhamun, muitos deles possuem edições em inglês, francês e espanhol.
REEVES, Nicholas. The Complete Tutankhamun: The
King, the Tomb, the Royal Treasure. London: Thames & Hudson, 2007.
Excelente trabalho de síntese
sobre a descoberta e principalmente sobre o material encontrado na tumba. Além
de possuir ótimas indicações bibliográficas.
JAMES, T.G.H. Tutankhamun: The
Eternal Splendor of the Boy Pharaoh. London: Tauris Parke, 2000.
Ótimo texto descritivo que
acompanha excelentes fotos coloridas dos principais objetos.
SILVERMAN, David P.; WEGNER, Josef W.; WEGNER,
Jennifer Houser. Akhenaton
Tutankhamun: Revolution & Restoration. Philadelphia: University of
Pennsylvania Museum, 2006.
Um ótimo
trabalho de contextualização histórica de Tutankhamun e o Período Amarniano.
JAMES, T.G.H. Howard Carter: The Path to
Tutankhamun. London: Tauris Parke, 2001.
Trata da vida e do trabalho de
Howard Carter antes e durante a descoberta de Tutankhamun e seus conflitos
políticos e pessoais.
No cinema,
talvez o primeiro estímulo causado pela descoberta da Tumba de Tutankhamun
tenha sido o filme “Os Dez Mandamentos” (The Ten Commandments), de Cecil B.
DeMille na sua primeira versão de 1923. DeMille, inspirado pela recente
descoberta, tinha a firme intensão de colocar Tutankhamun como o faraó do Êxodo.
A Tutmania foi
particularmente marcante na TV do final dos anos 70 e 80, quando a grande
exposição de Tutankhamun, que percorreu várias cidades dos Estados Unidos,
estimulou a imaginação dos produtores. Foi quando “Tut” apareceu em seriados
como a “Ilha da Fantasia” (Fantasy Island) na 2ª temporada 4º episódio de 1978,
chamado “A Tumba”, quando um grupo de arqueólogos descobre na ilha a tumba
intacta de um irmão de Tutankhamun. No seriado “Casal 20” (Hart to Hart) na 2ª
temporada 6º epsódio 1981, os tesouros de “Tut” e a famosa maldição são a
inspiração para a trama.
A seguir,
poucos exemplos desta diversificada produção inspirada em Tutankhamun:
“A Face de Tutankhamun” (The Face of Tutankhamun) um documentário
em 4 epsódios produzido pela BBC em 1992 e exibido no Brasil pela TV Cultura de
São Paulo. Sem dúvida o melhor documentário já feito sobre a descoberta e a
Tutmania, baseado no livro de Christopher Frayling é apresentado pelo próprio
autor. Disponível em DVD (2006).
“Curse of King Tut's Tomb” produzido para a TV (Columbia Pictures
Television) em 1980. Uma curiosa versão completamente fantasiosa sobre Howard
Carter e a descoberta da Tumba, além, é claro, da maldição. Com Raymond Burr no
papel do rico colecionador de antiguidades Jonash Sabastian que quer roubar os tesouros
de Tutankhamun. Nada tem a ver com um péssimo filme de 2006 com o mesmo título.
“O Segredo da Pirâmide de Cristal” (The Time Crystal ou Through the
Magic Pyramid) produzido para a TV (distribuido pela WarnerBros) em 1981. Conta
a história de um garoto chamado Bobby TutTuttle que é transportado até o Egito
antigo tornando-se amigo do também garoto Tutankhamun e o ajudando a chegar ao
trono do Egito.
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